quarta-feira, 22 de julho de 2015

Sem querer



Ei foi sem querer aquele esbarrão no corredor do colegial enquanto como de costume você passava todos os dias as 15:55 menos as terças feiras porque você tinha aula de inglês, e foi totalmente sem querer aquelas 562 cartas que mandei anonimamente em papel amarelo diariamente, ou quando fiz uma serenata em frente sua janela na madrugada de 9 de julho porque errei a casa, ou quando mandei convites nas mídias sociais com 35 perfis falsos e todos inexplicavelmente ignorados por você. Não foi eu quem ligou todos os dias de madrugada pra ouvir seu "alô" e depois desligava.

Foi sem querer essas 10 músicas sem fim que falam de você a cada verso e que está no meu caderno que escondo junto com suas fotos que tirei sem que soubesse, aliás eu já esqueci sua existência e se achar que estou te olhando saiba que as vezes sou vesgo e estava na verdade olhando para a placa de "não fume" do seu lado, e se eu ficar sem jeito e totalmente desastrado quando estiver ao seu lado saiba que usei drogas que deixaram minhas pernas bambas e meu coração acelerado assim.

E se falar comigo vou fingir que não escutei e desmaiar de propósito pra ir para o hospital passear,  eu já esqueci que sua cor preferida é azul ou que viaja pro litoral nos finais de ano pra visitar sua avó, esses seus olhos castanhos quase pretos não me encantam a ponto de me perder completamente. Foi sem querer que deixei na sua caixa de correios pelúcias e chocolates suíços que comprei com meu salário.

E quando perguntarem se te conheço todo bobo responderei que não, e se eu te beijar saiba que fui ameaçado e no casamento eu estarei bêbado, e se envelhecermos juntos vai ser por acaso. Totalmente sem querer.

Por: Alexandre Andrade